(Título deste
blogue)
A Academia Militar do Exército, no
município do Lobito, em Benguela, tem em curso uma investigação contra a cidadã
Maria Alexandra de Vitória Pereira, 48 anos, acusada de ter invadido o seu
quartel a 22 de Dezembro passado. Maria Alexandra é filha de Carlos Alberto de
Vitória Pereira Mac-Mahon, falecido deputado do MPLA.
Nelson Sul
D'Angola
MAKAANGOLA
Por sua vez, a visada apresentou queixas
às instituições de direito contra a academia, denunciando por ter sido vítima
de espancamentos e de abusos raciais no local.
A causa do litígio é o estacionamento de
uma viatura.
Por volta das 22h, Maria Alexandra de
Vitória Pereira parou a sua viatura junto da referida academia, para acomodar a
filha Ashanti, de sete anos, que chorava no banco traseiro. Regressava de um
jantar, em companhia de José Patrocínio, activista cívico e director da ONG
Omunga.
Alguns militares acercaram-se da
automobilista, exigindo-lhe que retirasse imediatamente a viatura do local.
Maria Alexandra de Vitória Pereira afirma ter apelado à compreensão dos
militares para que a deixassem acalmar a filha.
Em resposta, os militares detiveram José
Patrocínio e levaram-no para o interior da unidade. Ao reivindicar contra a
detenção do amigo, quatro militares começaram a insultar Maria Alexandra,
proferindo coisas como “branca de merda”, “sua branca, agora é que vais levar,
pensas que estás aonde?”.
Também Maria Alexandra foi arrastada
para o interior da unidade militar, segundo conta, sendo vergastada por todo o
corpo com um chicote, enquanto a filha assistia, horrorizada e aos gritos, à
detenção e ao espancamento da mãe. Os militares deixaram a criança na viatura,
que se mantinha com o motor a trabalhar.
Enquanto isso, a academia telefonou à
Polícia Nacional, para informar sobre a detenção do “barbudo” que havia
“insultado o governo”, conforme depoimento de José Patrocínio ao Maka
Angola. José Patrocínio relata ainda que os agentes policiais, que o
conhecem muito bem no seu papel de activista, se entusiasmaram com o ambiente propício
para lhe dar uma sova ali mesmo. “O comandante da 1.ª Esquadra, Bernabé,
defendeu-me, e explicou aos militares que não encontrava razões para justificar
a minha detenção”, conta. Mais tarde, este mesmo comandante ofereceu boleia a
José Patrocínio até à porta da sua residência.
Entretanto, dentro da academia, Maria
Alexandra reagiu aos espancamentos dos seus captores. Mordeu no braço de um dos
soldados que a segurava, deu um pontapé nos órgãos genitais do segundo, pulou o
muro relativamente baixo da unidade e foi acalmar a filha. Refere ter buzinado
a pedir socorro, sem que alguém tivesse aparecido a acudi-la.
De seguida, levou a filha para casa e
regressou ao local para identificar os soldados que a haviam espancado, com o
objectivo de apresentar queixa. Inconformada com a recusa dos militares em lhe
prestarem qualquer informação, Maria Alexandra armou-se com o seu iPhone e
tentou fotografar os visados. Os militares ripostaram, apontando-lhe as armas,
“com ameaças de morte” e confiscando-lhe o telemóvel, que continua em posse do
comando da referida academia.
A 28 de Dezembro, Maria Alexandra
apresentou queixa junto da Direcção Provincial de Investigação Criminal.
Persistente, obteve uma audiência com o procurador militar da Base Naval Sul,
José Manuel, a quem endereçou outra queixa.
Por sua vez, a Academia Militar do
Exército informou-a verbalmente do processo em curso contra si, por “invasão da
unidade militar”. Maria Alexandra e José Patrocínio esclarecem, no entanto, que
em momento algum a unidade exibiu qualquer documento referente à queixa.
A mulher decidiu apresentar uma queixa
junto da polícia militar. Antes disso, tentara o mesmo junto dos responsáveis
do quartel, mas o oficial de diligência, que ostenta a patente de sargento, não
só se recusou a ser identificado, como também não se dignou a registar a
ocorrência, numa situação de cumplicidade e de protecção aos militares
agressores.
A referida cidadã manifesta a sua
indignação pelo que considera ser a tentativa dos militares de “passaram de
agressores a vítimas”.
“Eles pensam que desta forma me intimidarão. Antes pelo contrário, eu exijo apenas justiça”, afirma a interlocutora. Maria Alexandra de Vitória Pereira aproveita a ocasião e apela às chefias militares para que invistam na educação cívica dos soldados, na aprendizagem do respeito pelos direitos dos cidadãos e no incentivo a que ajam com espírito de paz e não como se “o país ainda estivesse em guerra”.
“Eles pensam que desta forma me intimidarão. Antes pelo contrário, eu exijo apenas justiça”, afirma a interlocutora. Maria Alexandra de Vitória Pereira aproveita a ocasião e apela às chefias militares para que invistam na educação cívica dos soldados, na aprendizagem do respeito pelos direitos dos cidadãos e no incentivo a que ajam com espírito de paz e não como se “o país ainda estivesse em guerra”.
Maka Angola tem tentado, sem sucesso,
contactar a assessoria de imprensa da Academia Militar do Exército, que é
comandada pelo tenente-general António José de Sousa Queirós.
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