por Maka Angola - 05 de Junho, 2013
Aviso: Esta notícia inclui imagens chocantes, não
aconselháveis a menores de idade ou pessoas sensíveis.
Visalta Kuricanza Paulo Muacahia, de 57 anos,
encontrou a sua morte, ontem, quando labutava na sua lavra na margem do Rio
Tafe, em Cafunfo, município do Cuango, na província da Lunda-Norte. É a última
vítima de uma onda de homicídios contra camponesas na região.
Um dos seus filhos, Costa Oliveira, explicou ao Maka
Angola que a mãe, como era habitual, saiu de casa por volta das 5h00, e
dirigiu-se à lavra em companhia de outras camponesas, cujas lavras se encontram
localizadas na mesma área. O seu regresso, como era rotina, deveria ter
acontecido entre as 15h00 e 16h00. A demora e o facto das vizinhas terem
retornado a tempo precipitou os filhos a procurá-la. À meia-noite, encontraram
o seu corpo nas redondezas da lavra.
“A mãe apresentava sinais de queimadura ou
mutilação, no rosto e nas pernas”, disse Costa Oliveira. A finada deixa cinco
filhos.
Algumas testemunhas que acompanharam a busca e
remoção do corpo, informaram ao Maka Angola ter encontrado o corpo da
camponesa sem roupas, amarrada de forma macabra e com sinais de excisão nos
genitais.
Informações ainda por confirmar dão conta da morte
de uma outra camponesa na passada Segunda-feira.
A 7 de Maio passado, a camponesa Aida Sanehena, de
47 anos, teve o mesmo destino. Foi à lavra, na área de Tchimango, em Cafunfo,
por volta das 6h00. À hora habitual de regresso à casa, entre as 15h00 e 16h00,
os filhos notaram a sua demora. Três filhos seus, Arlindo,Viagem Benjamin e
Jordão Lucas, fizeram-se acompanhar de mais sete familiares e foram procurá-la
na lavra.
Encontraram-na enforcada. Como parte do ritual dos
assassinos, o seu corpo tinha sido queimado.
Aida Senehena deixou órfãos sete filhos. O viúvo,
Benjamin António, é agente da Polícia Nacional.
Quase todo os crimes de homicídio contra as
camponeses têm ocorrido em lavras situadas nas cercanias da zona de concessão
diamantífera da Sociedade Mineira do Cuango.
Activistas locais têm sido céleres a fotografar,
documentar e denunciar esses casos. Tanto as autoridades locais como a Polícia
Nacional pouco ou nada têm feito para estancar essa onda de crimes hediondos. A
agricultura de subsistência é a principal actividade de sustento da maioria das
famílias na região, em paralelo ao garimpo.
Para além dos funcionários públicos, os projectos
diamantíferos empregam apenas algumas dezenas de pessoas e o sector privado
limita-se ao comércio precário.
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