domingo, 8 de setembro de 2013

Camponesas Assassinadas na Lunda-Norte


por Maka Angola - 05 de Junho, 2013

Aviso: Esta notícia inclui imagens chocantes, não aconselháveis a menores de idade ou pessoas sensíveis.
Visalta Kuricanza Paulo Muacahia, de 57 anos, encontrou a sua morte, ontem, quando labutava na sua lavra na margem do Rio Tafe, em Cafunfo, município do Cuango, na província da Lunda-Norte. É a última vítima de uma onda de homicídios contra camponesas na região.
Um dos seus filhos, Costa Oliveira, explicou ao Maka Angola que a mãe, como era habitual, saiu de casa por volta das 5h00, e dirigiu-se à lavra em companhia de outras camponesas, cujas lavras se encontram localizadas na mesma área. O seu regresso, como era rotina, deveria ter acontecido entre as 15h00 e 16h00. A demora e o facto das vizinhas terem retornado a tempo precipitou os filhos a procurá-la. À meia-noite, encontraram o seu corpo nas redondezas da lavra.
“A mãe apresentava sinais de queimadura ou mutilação, no rosto e nas pernas”, disse Costa Oliveira. A finada deixa cinco filhos.
Algumas testemunhas que acompanharam a busca e remoção do corpo, informaram ao Maka Angola ter encontrado o corpo da camponesa sem roupas, amarrada de forma macabra e com sinais de excisão nos genitais.
Informações ainda por confirmar dão conta da morte de uma outra camponesa na passada Segunda-feira.
A 7 de Maio passado, a camponesa Aida Sanehena, de 47 anos, teve o mesmo destino. Foi à lavra, na área de Tchimango, em Cafunfo, por volta das 6h00. À hora habitual de regresso à casa, entre as 15h00 e 16h00, os filhos notaram a sua demora. Três filhos seus, Arlindo,Viagem Benjamin e Jordão Lucas, fizeram-se acompanhar de mais sete familiares e foram procurá-la na lavra.
Encontraram-na enforcada. Como parte do ritual dos assassinos, o seu corpo tinha sido queimado.
Aida Senehena deixou órfãos sete filhos. O viúvo, Benjamin António, é agente da Polícia Nacional.
Quase todo os crimes de homicídio contra as camponeses têm ocorrido em lavras situadas nas cercanias da zona de concessão diamantífera da Sociedade Mineira do Cuango.
Activistas locais têm sido céleres a fotografar, documentar e denunciar esses casos. Tanto as autoridades locais como a Polícia Nacional pouco ou nada têm feito para estancar essa onda de crimes hediondos. A agricultura de subsistência é a principal actividade de sustento da maioria das famílias na região, em paralelo ao garimpo.
Para além dos funcionários públicos, os projectos diamantíferos empregam apenas algumas dezenas de pessoas e o sector privado limita-se ao comércio precário.





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