- Luanda - Ainda não se sabe exatamente o que aconteceu no estádio de futebol de Cafunfo, Angola, no último final de semana. Mas uma criança morreu, vítima de um tiro de um sargento. A sociedade civil exige esclarecimentos.
Fonte: DW
Um
sargento das Forças Armadas Angolanas, alvejou uma criança de 12 anos no último
sábado (14.o9.) com um tiro de pistola no abdomén ao celebrar o golo de empate
do clube militar 1° de Agosto contra o kabuscopr F.C. na vila de Cafunfo,
Municipio de Cuango.
A DW Africa ouviu a diretora adjunta da Open Society em Luanda, Katila Pinto de Andrade, que afirma não conhecer todos os meandros que envolve esse infortúnio e acredita que não se trata de impunidade, mas sim de negligência: "Eu não usaria a expressão impunidade em Angola, eu usaria mais a expressão falta de atenção, falta de cuidado."
De acordo com Katila Pinto de Andrade, a organização a que pertence tomou conhecimento dessa notícia através das redes sociais, e por isso justifica: "A noticia não estão suficientemente bem desenvolvida para nos permitir tirar a ilação de que se trata de um caso de intolerância."
Mas pelos
dados que a Open Society têm em mãos leva a sua diretora a supor "que
tenha sido um acidente pelo uso negligente de uma arma de fogo e que
infelizmente custou a vida de uma criança de 12 anos."
A quantas anda a polícia angolana?
Katila Pinto de Andrade mostra-se incrédula perante esse ato do elemento da policia-militar: "Do nosso lado o que nos preocupa realmente é como é que um oficial das forças de segurança no fundo pratica um ato desta natureza festejando com disparos provenientes de uma arma de fogo o golo de uma equipa de futebol ?."
E por isso a diretora da Open Society levanta uma dúvida: "É grave, é muito grave e o que nos preocupa é saber se as forças de segurança tem estado a fazer um trabalho de consciencialização junto dos seus agentes de forma a elucidá-los sobre o uso das armas de fogo."
Os
Municípios de Cuango e Cafunfo são conhecidos como palcos de violência
sistemática originada por militares e guardas de empresas privadas de segurança
contra civis indefesos e isso pode, sim, criar algum clima de instabilidade
conta Katila Pinto de Andrdade: "Acredito que pelo fato de existirem
algumas informações de violência de agentes dos serviço de segurança naquela
região obviamente que acaba por criar um clima de instabilidade, um clima de
que também algumas pessoas que fazem e desfazem acabam por nunca receber o
respetivo castigo."
Apesar das deconfianças a diretora da Open Society afirma que é preciso apurar os fatos. Sobre o polícia-militar em causa, Katila Pinto de Andrade garante: "Ao que sabemos até agora e pelas notícias também que fomos lendo na internet, o ofical encontra-se detido neste momento, obviamente que vamos também fazer o acompanhamento deste caso , procurar saber mais informações e que desfecho que o mesmo terá."
Responsabilização
A DW
África ouviu também a Diretora Administrativa da ONG JPD, Justiça, Paz e
Democracia, Lúcia da Silveira, que fala sobre o papel da JPD neste tipo de caso
e incita a população civil a manifestar-se contra o ato: "Todas as
questões de violação de direitos humanos que chegam ao nosso conhecimento,
damos a conhecer às intituições aqui a nível interno e obviamente também
fazemos essas questões chegar às organizaçõees africanas que tem a
responsabilidade de recomendar ao Governo para cumprir com a lei, este é o
papel da JPD e vamos continuar a cumpri-lo."
Para a representante desta ONG a sociedade civil e a sociedade angolana no geral devem levantar a sua voz relativamente a este ato e justifica: "Tendo em conta que há anos que temos estado a falar sobre a importância de desarmar a população civil, mas também para as pessoas que tem autorização para usar armas a usá-las de forma responsável."
Lúcia da Silveira exige responsabilidades aos angolanos: "É importante a sociedade saber o que se passa e também tomar uma posição diante dessa atitude. É preciso que as Forças Armadas tomem uma posição e principalmente que responsabilizem este sargento."
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