As minhas
Alegrias e as minhas Tristezas não interessam a ninguém e nem este seria o
local apropriado para eu falar sobre isso. Mas quando o meu estado de espírito
é o de Profunda Tristeza e Revolta, por saber ontem à noite da morte de um
Amigo Português em Angola, que morreu sozinho, longe da família, por falta de
assistência e em condições miseráveis, entendo que devo falar aqui sobre esta
questão. Este Grupo tem por princípios a partilha de informação e a entreajuda,
a possibilidade de comunicarmos e fazermos novos Amigos. Aqui brincamos,
trocamos informações, ou "galhardetes" por tudo e por nada. Mas
também mostramos que sabemos ser solidários e por vezes fazemos com que as
coisas aconteçam. Muitos de nós estão bem, vivem com boas condições e conseguem
manter as ligações familiares e as suas raízes. Outros infelizmente não vivem
assim. Muitos Portugueses em Angola estão em situação ilegal, não estão
inscritos no Consulado (o que dificulta a sua localização), e alguns vivem em
condições desumanas. Porque as circunstâncias da vida a isso os levaram. A
vergonha impede-os de pedir ajuda, faz com que se isolem. Passam fome, ficam
doentes e muitas vezes acabam por morrer, em condições desumanas. E sós. Foi o
que aconteceu a este Senhor. Por vergonha, não pediu ajuda. E morreu. Só. E
teria bastado uma assistência médica adequada e um prato de sopa para salvar
esta vida. Porque todos nós temos a obrigação e o dever de não olhar apenas
para o "nosso umbigo", de não ficar à espera que nos venham pedir
ajuda para tomarmos a iniciativa de fazer algo quando nos apercebemos de que
alguém está mal e a precisar de apoio, deixo aqui dois Apelos: Estendam a mão a
quem precisar de ajuda. Não fiquem à espera que vos peçam, simplesmente vão e
façam. Hoje estamos bem e podemos ajudar, amanhã poderemos ser nós a precisar
de ajuda. E a todos aqueles que precisarem de apoio, não tenham vergonha,
falem, peçam ajuda. O segundo apelo que faço a todos os Portugueses em Angola é
o de se registarem no Consulado Português. Esta é a forma de poderem ser
localizados a qualquer momento e de poderem ser tomadas as medidas adequadas em
casos extremos, como este. Por Favor, vamos mostrar que somos capazes de olhar
para os outros e de os ver. Vamos apenas estender a mão. Porque eu não acredito
que ninguém tenha olhado para ele
In Ricardina Borges. Portugueses em Angola. Facebook
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