O presidente do conselho de
administração do banco angolano BIC pediu hoje um aumento da venda de divisas
pelo banco central ao sistema bancário de Angola, para fazer face à
"escassez" atual de moeda estrangeira.
Uma das soluções a equacionar pelo
Estado, através da intervenção do Banco Nacional de Angola (BNA), refere
Fernando Teles, passa pelo "aumento do endividamento externo" do
país.
"Não vou esconder que é preciso que
o BNA consiga vender mais [divisas]. O BNA com certeza que está a tratar disso.
Através da diminuição das reservas no exterior ou de linhas de crédito
negociadas externamente", disse o administrador principal do BIC, em
entrevista à rádio pública angolana.
Em causa está a diminuição de receitas
da venda do barril de crude por Angola, o que fez reduzir, praticamente para
metade em seis meses, a entrada de divisas no país, provocando a escassez de
dólares no mercado e dificultando o pagamento das empresas a fornecedores
internacionais.
Devido às restrições impostas pelos
bancos comerciais no levantamento de divisas, as taxas praticadas no mercado
informal têm vindo a disparar, com a compra de cada dólar a manter-se acima dos
140 kwanzas nas ruas de Luanda, enquanto a cotação oficial ronda os 105
kwanzas.
O BIC apresenta-se como operador da
maior rede privada entre os bancos angolanos, com 222 balcões e 2.118
trabalhadores, mas, à semelhança dos restantes, enfrenta limitações para
satisfazer os pedidos de clientes, privados ou empresas, para transferências ou
levantamentos aos balcões em moeda estrangeira.
"A verdade é que se estão a vender
menos divisas [pelo BNA] ao mercado e eu percebo isso porque também há menos
disponibilidade e o futuro aponta para que, com o preço do petróleo em baixa,
haja menos disponibilidade para fazer compras ao exterior. Se calhar a economia
tem de arrefecer um bocadinho", disse ainda Fernando Teles.
Apesar de admitir que a venda de divisas
aos clientes, privados ou empresas, tende a normalizar até final do primeiro
trimestre do ano, o administrador do BIC assume que a situação atual pode
potenciar o desenvolvimento da produção nacional de alimentos, que consome
cerca de 75 por cento das divisas vendidas ao mercado, para importação de
produtos.
Com a diminuição da venda de divisas
pelo BNA à banca comercial, que passou de leilões diários para um por semana,
Fernando Teles confirma que, em conjunto com "orientações" do banco
central, estão a ser priorizados alguns setores da economia no acesso à moeda
estrangeira.
"Privilegiámos o setor da
alimentação, dos medicamentos, da matéria-prima para as fábricas, o pagamento
às companhias aéreas. Agora, não vou esconder que quem importa jipes ou quem
importa viaturas não tem sido privilegiado nesta fase inicial", disse
ainda.
Além disso, reconheceu que,
historicamente, os três primeiros meses do ano são de diminuição na
disponibilidade de divisas no país, tendo em conta as compras ao exterior no
final do ano anterior, neste caso agravado pela crise na cotação do petróleo.
As vendas de divisas pelo BNA à banca
comercial aumentaram mais de 170 por cento em apenas uma semana. Foram vendidos
em leilões, entre 09 e 13 de fevereiro, 435 milhões de dólares (381 milhões de
euros), o valor semanal mais alto de 2015 e que contrasta com as vendas de 160
milhões de dólares (141 milhões de euros) da semana anterior.
Lusa
ANGOLA24HORAS
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