Economista diz que o povo é que vai
pagar a crise actual.
Manuel José
VOA
O Banco Nacional de Angola diz haver
divisas suficientes no mercado financeiro nacional, mas nos bancos comerciais
os utentes encontram dificuldades para movimentar divisas sobretudo dólares
norte americanos.
Alguns especialistas dizem que esta
limitação vai encarecer os preços dos produtos no país, enquanto outros
consideram que dentro de uma semana, a situação da escassez de divisas volta à
normalidade.
O certo é que os transtornos já se fazem
sentir entre os cidadãos que não encontram dólares. Quando se deslocam aos
bancos comerciais a resposta é a mesma: estão com poucas notas para satisfazer
a procura.
Entretanto, o BNA este diz que já
introduziu no mercado milhões de dólares para responder à demanda.
O economista Alexandre Neto chama a
atenção para o perigo que esta limitação de divisas pode provocar no bolso das
famílias angolanas.
"Por causa desta dificuldade na
aquisição de divisas para os agentes económicos pagarem a outra parte, os
custos de importação dos produtos que já estão nos portos vão subir porque o
importador não tem outra saída a quem cobrar estes custos adicionais, e seremos
nós os cidadãos, famílias e os trabalhadores que vamos pagar”, explica
Neto.
Por sua vez, o mestre em gestão Joaquim
Nafoia culpa o BNA pela situação actual:
"O BFA era um banco de capitais
portugueses, a Sonangol negociou e o Presidente da República passou 49 por
cento para a filha Isabel dos Santos, como é que o governador José Pedro de
Morais pode punir o BFA?”, pergunta Nafoia que continua: “Isabel dos
Santos também é accionista do banco Millennium, José Pedro de Morais consegue
punir o Millennium? O actual governador do banco foi assessor de Higino Carneiro
um dos accionistas do banco Keve, ele vai conseguir punir o banco Keve que é do
antigo patrão? No banco BAI está o Paulo Kassoma, Pedro de Morais consegue
punir o BAI? É mais uma medida do BNA para nos enganar".
José Severino, presidente da Associação
Industrial de Angola e conselheiro do Presidente da República diz que a
situação é transitória e acredita que dentro de uma semana o BNA vai
ultrapassar este problema.
Para o empresário, o que acontece
actualmente é fruto da especulação de alguns oportunistas: "Pagaram ao
exterior com o dólar a 105, agora com esta situação querem vender em função de
uma expectativa inflacionaria, isto é preciso persuadir as empresas a não
entrarem neste processo, nós podemos aceitar um ajuste, mas passar a
comercializar produtos que custaram com o dólar a 105 a 150 é
especulação".
Para José Severino os portos não devam
fechar as suas portas nos feriados e fins de semana e as alfândegas devem
permitir o desalfandegamento das mercadorias com maior rapidez.
Imagem: noz.blogs.sapo.pt
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