Marta dos
Santos é uma das devedoras a quem o BES Angola “perdeu o rasto”, garante Paulo
Morais, da Associação Transparência e Integridade.
A Associação
Transparência e Integridade assegura que não é difícil perceber quem são os
destinatários dos empréstimos concedidos pelo BES Angola, e a que o banco
alegadamente perdeu o rasto.
Esta
terça-feira, Rui Guerra, o ex-Presidente do BES Angola, disse aos deputados da
comissão parlamentar que investiga o caso BES, que o banco não foi capaz de
identificar os beneficiários de muitos dos empréstimos concedidos pela
instituição e que estes já estavam em incumprimento antes de o Estado angolano
conceder uma garantia. Em causa podem estar mais de 5,7 mil milhões de euros.
Mas Paulo
Morais, vice-presidente da Associação Transparência e Integridade, contesta os
argumentos de Rui Guerra e acrescenta que tem documentos capazes de contrariar
o ex-banqueiro.
“Nessa lista de
empréstimos estava, à cabeça, a Marta dos Santos, irmã do presidente José
Eduardo dos Santos, que teve um crédito de 800 milhões de dólares, para
desenvolver em Talatona um projecto imobiliário, curiosamente em parceria com o
empresário português José Guilherme, o tal que deu os 14 milhões a Ricardo
Salgado.”
“Só no Comité
Central do MPLA houve todo um conjunto de personalidades, como Roberto de
Almeida, Maria Mambo Café e Ferreira Pinto, entre outros, que receberam 10
milhões de dólares para desenvolver os projectos que bem entendessem, sem terem
de prestar quaisquer garantias ao banco”, acrescenta.
Investimentos em
Portugal feitos com dinheiro do BES
Paulo Morais diz
à Renascença que muitos dos investimentos angolanos em Portugal foram feitos
com esse dinheiro emprestado pelo BES Angola: “Há um aspecto ainda mais
perverso. Muitos dos investimentos que a elite angolana fez em Portugal, que
foram vendidos como sendo dinheiro angolano que vinha para Portugal, de facto
não era. Era dinheiro dos depositantes do BES, disponibilizada à elite angolana
para adquirir em Portugal propriedades, imobiliário. Os próprios filhos de José
Eduardo dos Santos têm uma propriedade em Aveiras de Cima, que adquiriram com
crédito do BES, mas isto multiplicou-se por todo o país.”
Paulo Morais
lamenta que nada esteja a ser feito em Portugal em relação a esta situação: “O
que é incompreensível é como o Estado português não faz exercer os seus
direitos, desde logo confiscando as propriedades compradas com este tipo de
empréstimos. Relativamente aos empréstimos utilizados em território angolano, é
evidente que a situação é mais difícil, mas dadas as óptimas relações que
existem entre os dois Governos, teria de haver uma manobra diplomática para
recuperar esses milhares de milhões de euros, que neste momento representam um
prejuízo no BES e no Novo Banco, e que teriam de ser recuperados”, diz Paulo
Morais.
O Vice-Presidente
da associação Transparência e Integridade considera pouco plausível o argumento
do ex-presidente do BESA, que diz não ser possível identificar os destinatários
dos empréstimos concedidos pelo banco. Em causa podem estar mais de 5,7 mil
milhões de euros que o BESA nunca recuperou.
LUSA
ANGOLA24HORAS
Imagem: www.sol.pt
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