A culpa é do MPLA. Em entrevista à DW
África, Isaías Samakuva, presidente do maior partido da oposição em Angola, a
UNITA, é taxativo: as ordens para os ataques contra membros da UNITA, vêm de
Luanda.
Não é a primeira vez que elementos do
maior partido angolano na oposição, a União Nacional para a Independência Total
de Angola (UNITA) sofrem agressões na via pública. O incidente mais recente
ocorreu na segunda-feira, 16 de fevereiro, na Lunda Norte, e deixou feridas 20
pessoas, três das quais em estado grave. Os agressores, disse em entrevista à
DW África o presidente da UNITA, Isaías Samakuva são do MPLA.
DW África: A UNITA tem provas para as
acusações graves que levanta contra o MPLA?
Isaías Samakuva (IS): Absolutamente.
Existem provas, e é por isso que nós fomos diretos e claros. Ao mencionar os
autores desses crimes. Foram inclusive apanhados três deles durante os
confrontos, e eles mesmos disseram que eram do partido MPLA.
DW África: A seu ver, foi uma iniciativa
local do partido, ou os ataques foram feitos a mando da estrutura central?
Isaías Samakuva: É a minha opinião,
resultante das experiências que eu tenho, de que isto é uma política concertada
e que é a nível nacional. E certamente que as ordens devem partir da estrutura
central. Porque estes atos repetem-se, acontecem de uma forma organizada, e a
estrutura central toma conhecimento deles. Mas não age, não move uma palha. Se
não mandou, pelo menos está de acordo, porque senão teria agido. E esteve a polícia,
o senhor administrador ou a administração foram informados. Como deve saber, os
administradores são também membros responsáveis do partido MPLA. Se a direção
central não toma medidas, então nós não temos mais dúvidas. Isto não é novo,
isto repete-se quase todas as semanas um pouco por todo o país, e é preciso que
se responsabilize o verdadeiro culpado.
DW África: Em sua opinião, quais são os
objetivos destes ataques?
Isaías Samakuva : A intimidação,
essencialmente. E isto acontece de uma forma geral quando há algumas
debilidades do lado do partido no poder. Quer dizer, se um partido da oposição,
nomeadamente a UNITA, consegue, com as suas atividades mobilizadoras,
sensibilizar as populações e haver da parte das populações uma manifestação de
apoio à UNITA, então essas coisas ocorrem. Pelo que há esta
DW África: Como é que a UNITA pretende
reagir a esta tentativa de intimidação?
Isaías Samakuva: Como disse, isto tem-se
repetido ao longo desses anos todos, e quem está a ficar mal na fotografia é
exatamente quem comete esses atos. Nós continuamos simplesmente a explicar, a
denunciar. Nós queremos paz, queremos uma sociedade que viva de uma forma
harmoniosa. Embora com opiniões diferentes, achamos que é preciso viver
harmoniosamente, com respeito pela diferença de opiniões. Parecendo que não, ao
longo desses anos todos, o povo começa a reconhecer quem é, na realidade, o
garante da paz. E parecendo que não, isto começa a dar frutos. Porque, mesmo se
as pessoas sofrem, que é o caso: houve danos materiais e também humanos, as
pessoas começam a ter uma idéia clara de quem afinal é merecedor do respeito e
da confiança do povo.
DW África
ANGOLA24HORAS
Sem comentários:
Enviar um comentário