quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Fortunas Portuguesas: o Espírito Santo e a Dona de Casa





Rafael Marques de Morais

Se Isabel dos Santos pode dar lições ao mundo sobre como se tornar bilionário vendendo ovos desde tenra idade, a cidadã luso-angolana Elsa Maria Matos Almeida Teixeira deve ter encontrado uma outra fórmula para se ser rica como dona de casa. Tem um pé-de-meia de mais de US $20 milhões, depositados no Banco HSBC, na Suíça, em duas contas diferentes, numa como angolana e noutra como portuguesa.
O seu nome consta das listas que fazem parte da divulgação de informação bancária referente aos anos de 2006 a 2007, obtida pelo jornal francês Le Monde, e que o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) colocou à disposição de colegas em várias partes do mundo, incluindo o Maka Angola.
Enquanto angolana, a dona de casa – conforme sua descrição no banco e como já noticiado – tem uma conta de 7 milhões e 167 mil dólares. Já como portuguesa, os seus depósitos são de 13 milhões e 431 mil dólares.
Na lista dos depositantes portugueses, o montante da luso-angolana é modesto, se comparado com a maior fortuna da lista. Uma ilustre desconhecida do distrito português de Vila Real, Sílvia Ruivo Caçador, acumulou US $252.7 milhões. Seguem-se-lhe outros milionários desconhecidos do público português: Joaquim António Amaro da Cruz, de Castelo Branco, com um total de US $223 milhões em duas contas separadas; e Rosa Maria Pinho Amaro da Cruz da Silva, de Santos-o-Velho, com US $185.9 milhões, também em duas contas.
A Espírito Santo Activos Financeiros, SGPS, SA, que faz parte do universo de empresas do malfadado Grupo Espírito Santo, é o maior depositante institucional português, com US $174.5 milhões. Por sua vez, a Espírito Santo Activos Financeiros Asset Management, que parece ser a mesma empresa, surge noutra rubrica, com outro código bancário, e mais um depósito de igual valor, US $174.5 milhões, perfazendo US $350 milhões.
Da lista constam ainda três nomes com fortunas consideráveis, com ligações brasileiras. Trata-se da portuguesa Maria José de Freitas Jakurski, residente no Brasil, com US $114.8 milhões; e o brasileiro Jacob Barata, conhecido como o "rei do ónibus", com US $95.2 milhões.
O homem mais rico de Portugal, Américo Ferreira Amorim, aparece entre os afortunados com uma modesta quantia de 5 milhões e 783 mil dólares.
No total, foram identificados 611 clientes ligados a Portugal – quer por nacionalidade, quer por residência –, os quais somaram depósitos no valor de US $969 milhões.

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