por Maka Angola - 30 de Maio, 2013
O vice-presidente da República, Manuel Vicente,
está em vias de vender parte das suas acções nos blocos petrolíferos de pré-sal
9 e 21, à Sonangol Pesquisa & Produção, de acordo com notícia da Bloomberg,
publicada ontem.
Manuel Vicente, em sociedade com o ministro de
Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente, general Manuel Hélder Vieira
Dias “Kopelipa,” e o general Leopoldino Fragoso do Nascimento são os
proprietários, com quotas iguais, da empresa Nazaki Oil & Gaz.
Os dois blocos petrolíferos têm a mesma estrutura
accionista, com a operadora americana Cobalt a liderar o consórcio (40
percento), seguido da Nazaki (30 porcento), Sonangol Pesquisa & Produção
(20 porcento) e outra empresa privada, angolana Alper Oil (10 porcento), onde
Manuel Vicente também detém interesses por via de terceiros.
Segundo a Bloomberg, a subsidiária da petrolífera
estatal Sonangol adquirirá 15 porcento das acções da Nazaki, de acordo com um
decreto do executivo do Presidente José Eduardo dos Santos, que autoriza a
compra. A notícia não revela o valor da transacção, mas certamente garantirá ao
vice-presidente e aos seus sócios, os generais Kopelipa e Leopoldino do
Nascimento, uma fortuna considerável.
Da esquerda para a direita: general Kopelipa, chefe
da Casa de Segurança e ministro de Estado, o general Leopoldino Fragoso do
Nascimento, seu principal colaborador, e Manuel Vicente, vice-presidente de
Angola.
A 8 de Agosto de 2010, o fundador do Maka Angola,
Rafael Marques de Morais apresentou publicamente o trabalho investigativo Presidência da República: O Epicentro
da Corrupção em Angola em que denunciava, pela primeira vez, o trio
presidencial como os proprietários da Nazaki. Esta empresa estabeleceu
consórcio com a Sonangol, a Cobalt e a Alper em Fevereiro de 2010, numa altura
em que Manuel Vicente dirigia a petrolífera nacional.
Em 2011, o Departamento de Justiça dos E.U.A. e a
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (Securities and Exchange
Commission), iniciaram investigações criminais contra a Cobalt, por suspeita de
corrupção de dirigentes angolanos.
A 6 de Janeiro de 2012, Rafael Marques de Morais
apresentou queixa à Procuradoria-Geral da República contra os três sócios
referidos, por suspeita de actos de corrupção. No seu relatório, datado de 13
de Janeiro de 2013, a Procuradoria-Geral da República justificou não ter havido
qualquer ilicitude por parte dos sócios. Segundo o Ministério Público, os
referidos sócios não integraram os órgãos sociais da Nazaki nem assinaram os
contratos de partilha de produção. Assim, argumentou, “não se verificam nem os
alegados crimes de corrupção passiva nem a alegada conflitualidade de
interesses privados com a sua qualidade de servidores públicas”.
A investigação, sob Processo No. 06-A/ 2012 – INQ.,
foi conduzida pelo Procurador-Geral Adjunto Domingos Salvador André Baxe. A
Procuradoria-Geral da República arquivou o processo.
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