sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

ATINGIMOS O ZERO (1)


Não sabemos como seremos governados por uma Constituição que não votámos, que não aprovámos. Não sabemos se amanhã teremos água, luz, Internet. Se adoecermos como seremos socorridos. Se seremos assaltados, ou vitimas da feitiçaria. Se conseguiremos dormir com o barulho dos geradores ou morreremos asfixiados pelo seu fumo tóxico, mortal.

Se os nossos apartamentos desabarão pela infiltração das águas dos vizinhos selvagens, atípicos bantus. Não sabemos se conseguiremos tapar os nossos ouvidos por causa das festas, do álcool e dos iguais barulhos aterradores dos escapes livres das motas. Ou se seremos presos porque acusados de difamação ou incitação à violência.

Ou por outro motivo por qualquer um do soberano poder. É tão triste viver assim diariamente tão inseguros, sem futuro. Mas os bajuladores dizem que assim é que está bom no reino mais aprazível que até hoje nunca se igualou no Golfo da Guiné.

Os bajuladores já perderam a consciência e desumanizam a nossa vivência. Não irão certamente bajular a Sandra Mariza e o crime desordenado. Sandra Mariza, uma jovem polícia angolana do trânsito foi arrastada e assassinada barbaramente por um jovem tresloucado condutor de táxi durante mil metros.

É urgente que as empresas de autocarros assumam também o transporte de táxi e acabem de vez com a desordem criminosa dos taxistas que deveriam estar numa escola e nunca ao volante de um táxi. É também urgente que se acabe com o abandono da juventude em todas, como se diz por aí, as vertentes.

É bom lembrar que este caos da Nação espelha a actual governação, que tem de mudar, senão não saberemos o que mais nos desesperará. Para a nossa polícia os nossos mais sentidos votos de pesar e que ajam com muita firmeza porque até nos nossos lares vivemos sempre na incerteza da espera de sermos assaltados. Relembro que a situação calamitosa da nossa criminalidade é sobretudo conjuntural.

E Angola retorna ao 25 de Abril de 1974 – e lugubremente parafraseando Manuel Alegre – não há ninguém que resista, ninguém que lhes diga não. Angola caminha na falsa harmonia do suicídio colectivo. Na falsidade da vida da cidade de Luanda que destrói os nossos cérebros noite e dia.

Perante a anarquia governamental do tudo é impune. A única coisa que parece funcionar é a espoliação dos bens dos vendedores nas ruas, e partir casebres para entregarem os terrenos aos congéneres da ansiosa escumalha nacional e internacional. Um conjunto, um marasmo de idiotas que contracenam no nosso terrorismo urbano.

Está tudo a ficar muito acidentado. O analfabetismo é a cada momento mais impressionante. São só desempregados e esfomeados sem habilitações literárias e profissionais que invadem ruas e assaltam. Há sempre ondas de roubos diários não relatados, fora do controlo policial. Não existe nenhuma polícia no mundo que consiga conter tal onda de esfomeados. São estes milhões marginalizados que muito brevemente, já acontece, inaugurarão a filial angolana da pirataria da Somália.

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