domingo, 10 de janeiro de 2010

A Epopeia das Trevas (90). Oh! Como são insondáveis as tragédias do amor


Inventa-se uma frente democrática, de libertação
Os computadores evoluem, nós não

Recordo a alegria do bater na minha porta cardíaca
a subtileza do ritmo
Qual suave tambor na quietude do meu coração
De amor sem céu, sem sol
iluminado incompreendido
De olhar profundo, demorado, a devorar a vida
O tempo como se não existisse, nada e ninguém
Como se o mundo democrático desabasse
e eu só o continuasse

A minha alma não é gentil, está sempre distante
Céus e terras entretanto permanecem
Continuam dentro de mim a cada instante
Recordando o suave alarido sonante
Aguardando o não feito, mas sempre que fizessem
Na luta diária do abrir portas que me enlouquecem
Acossada nos castelos da ditadura
No solitário andar entre os agentes, errante
Algo que não fica, algo que vai
Como as notas suaves melodiosas de um alaúde
Querer sempre andar mas ficar amiúde
No cruzar aqui e acolá com os agente e não olhar
Convicta de que sou a melhor mas sem virtude

Por vezes o vento pairava, como que indeciso
e indecisa ficava também a goiabeira
Arriscaria dizendo que ela estava cogitando
Será que as árvores meditam?

A mãe prostituía-se, a filha estudava
Quanto mais a mãe se vendia
Mais a filha se aplicava na universidade
A mãe precocemente envelhecia
A filha precocemente escolhia os estudos da vida
A filha rejuvenescia, enquanto a mãe cada vez mais
envelhecia
A mãe amava a sua filha que agradecia
Oh! Como são insondáveis as tragédias do amor

Os cinco jovens perderam a juventude da noite na discoteca
Encontraram muita bebida que não era proibida a menores
No carro conduzido pelo álcool recalcitraram um tronco elefantóide plantado
Eles e o carro viajaram para as discotecas celestes
Não consigo imaginar o estoicismo destas pobres árvores

Imagem: http://www.chargeseditoriais.com/

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