terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A Epopeia das Trevas (92). Povo que não lê é cego… e não vê. Só os esgotos são livres, o tema nunca se esgota


A política e o poder harmonizam muito bem
Muitos políticos, poucos lugares vagos no pódio
A concorrência eleva-se, nos meus seios a despontarem cheios
O Sol percorre as distâncias de todos os dias
Ilumina os obscuros, poderosos corredores da arte bancária
que conduzem aos cofres subterrâneos pesados pelos quilates
das diamantíferas gemas gemidas
e petrolíferas doentias

A bantologia abre os alicerces da vozearia:
amanhece, a bronzeada levanta-se sai à busca sem vida
Andou, navegou, olhou, sonhou
Regressa, não encontrou o tempo perdido
Esta bronzeada agora, adora sonhar
Reverteu, perdeu o caminhar, continua a recuar
sem independência

Convidaram-me para passar o ano novo
Recusei. Obstinei, passei-o na apanha de mabanga
Assada, saboreada com maluvo na companhia honesta dos mangais
Divertimo-nos imenso. Como o cessar-fogo, e tudo continua na mesma
Não temos quadros, não os queremos, corremos com eles
para manter a desorganização que conduz à mãe da corrupção
E tudo não se enquadra… retrocede à Idade Média… às origens de Richard Leakey
Povo que não lê é cego… e não vê
Só os esgotos são livres, o tema nunca se esgota

Vi que caminhávamos irremediavelmente para a destruição
e sorríamos como sempre. Estávamos finalmente livres, independentes
donos do nosso destino, do nosso futuro
Livre! Na minha bifurcação da mabanga no mangal
Genial! Como chamar alguém, ou dizer que é génio
porque há muitos idiotas
Que estancam uma comporta e as outras continuam com fugas
Nesta Angola não podemos fazer nada certo
porque tudo está errado

Desfaço-me nas escarpas dos meus cabelos
à espera que tudo se conceba num minuto de vida
Permanece na eternidade, da intranquilidade
Observo muita gente lutar a favor e contra
Os contras são muitos, poucos os defensores
Aguardo o vencedor nos contrários
A sua balada dos dias melhorar
sem lutar!?
Na Terra restam os últimos raios de fogo
e nela nada de humano, ninguém para os deter

Ouço duas pessoas numa só. Com qual devo falar?!
Com o são ou o bêbado? Qual dos dois devo escutar?!
Prefiro consultar o meu estatuto de cidadã da exclusão social
sem casebres
Enquanto isso, o circo das organizações não governamentais prossegue
Os descolonizadores da infame hipocrisia evoluem no trapézio
Os homens são todos iguais, os sistemas políticos não
Os homens são diferentes na cor da pele
mas as mentes estão intactas, não diferem, convergem
A genética é bem conhecedora:
a maldade não tem cor, hipocrisia também não
Até os filhos renegam os pais, estes também
A árvore cresce para estar mais próxima do Sol
O filho deixa os pais morrerem à fome, os pais também

Os pássaros voam para as árvores porque se sentem seguros
Amanhecem com o silêncio porque a noite foi ruidosa

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