sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Voltaire. Ao mesmo tempo, ele venerava o Deus da Natureza, o Deus que nos dá chuva e flores, luz e alimento, saúde felicidade


Então Voltaire foi chamado de escarnecedor.

De que ele escarnecia? Ele ridicularizava reis que eram injustos; reis que não dava a mínima importância para o sofrimento de seus súditos; ele ridicularizava os nobres idiotas do seu tempo. Ridicularizava a corrupção na corte; a desonestidade, a brutalidade, a tirania dos juizes.

http://www.mphp.org/racionalismo/voltaire---robert-g.-ingersoll.html

As leis absurdas e cruéis; os costumes bárbaros; ele ridicularizava papas e cardeais, bispos e padres e todos os hipócritas da Terra. Ele ridicularizava historiadores que enchiam seus livros com mentiras; e filósofos que defendiam a superstição. Ele ridicularizava os que odiavam a liberdade, os perseguidores dos seus semelhantes. Ele ridicularizava a arrogância, a crueldade, a desfaçatez, e a indizível ignorância de sua época.

Ele tem sido atacado por usar a arma da ridicularização.

A hipocrisia tem sempre odiado a risada, e sempre o fará. O absurdo detesta o humor, e a estupidez detesta a ironia. Voltaire foi um mestre na ironia. Ele ironizou o absurdo, o impossível. Ele ridicularizou as mitologias, os milagres, as vidas estúpidas e as mentiras dos santos. Ele encontrou a falsidade e o fingimento coroados pela credulidade. Ele viu a maioria ignorante ser dominada por uma minoria astuta e cruel. Ele viu os historiadores, saturados pela superstição, enchendo os seus volumes com detalhes impossíveis. E encontrou cientistas satisfeitos com a desculpa "dizem".

Voltaire tinha o instinto da probabilidade. Ele conhecia a lei da média, o nível do mar; ele tinha idéia de proporção, então ele ria das monstruosidades e deformidades mentais – os non sequitur – dos seus dias. Aristóteles afirmava que mulheres têm mais dentes que os homens. Isto era dito e repetido pelos cientistas católicos do século dezoito. Voltaire contou os dentes. Os outros estavam satisfeitos com o 'dizem'.

Voltaire, por muito tempo, apesar de seu ambiente, apesar da tirania e opressão quase universais, acreditava em Deus e falava numa religião da Natureza. Ele atacava as crenças de sua época porque elas eram ofensivas a seu Deus. Ele imaginava uma divindade como um pai, como fonte de justiça, misericórdia e inteligência, enquanto que a crença da religião católica O transformou num monstro de crueldade e estupidez. Ele atacava a bíblia com todas as armas de que dispusesse. Ele atacava sua geologia, sua astronomia, suas idéias de justiça, suas leis, seus costumes, seus milagres absurdos e inúteis, suas maravilhas tolas, sua ignorância sobre todos os assuntos, suas profecias insanas, suas ameaças cruéis e suas promessas extravagantes.

Ao mesmo tempo, ele venerava o Deus da Natureza, o Deus que nos dá chuva e flores, luz e alimento, saúde felicidade -- e que enche o mundo com juventude e beleza.

Atacado de todos os lados, ele lutou com todas as armas que a ironia, a lógica, a razão, o escarnecimento, o desprezo, a indignação podiam dispor, ele freqüentemente pedia desculpas, e as desculpas eram uma ofensa. Ele às vezes se retratava, e a retratação era milhões de vezes pior do que os motivos da sua retratação. Ele retirava, dando mais. Em nome da grandiloqüência, ele destruía suas vítimas. Na sua reverência havia veneno. Ele constantemente avançava fazendo recuos e reafirmava, retirando-se.

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