Nós queremos ser outra vez colonizados
Tinha uma amizade fortalecida com ele, desde que subiu a ministro não fui mais reconhecida. Somos traidores, traímo-nos
Nestas vagas marítimas fico irreconhecível
Africano quando sobe na vida é o céu, é Deus nas nuvens
Troca os amigos, despreza a amizade por um vulgar automóvel reluzente, acompanhado de mulheres e garrafas de uísque
Voltamos para as ruínas dos nossos templos
Resignamo-nos expectantes na tradição da sanzala, do quilombo
Habituamo-nos à fome, à miséria e aqui não há escadas para subir
É sempre a descer. O chão move-se à espera, na carne seca apodrecida
No procurar nos contentores do lixo as cascas que sobraram dos bananais
E conseguiram que os nossos filhos sobrassem geneticamente modificados estuporados.
Quando chegam, depois da borrasca garrafal, da mistura de aguardentes, oferecem-nos apenas fumo: «Mãe, queres um cigarro?»
Depois de exorbitarem, mal amarem, gastarem o que ganharam
com parceiras amantes que desceram das nuvens da noite
Com os nomes esquecidos em cataplasma. Servindo-se da Bíblia com aleivosia:
«Está escrito: jovem diverte-te». Reforçam: «O meu relógio não tem horas, perdeu o tempo nas noites fartas do álcool»
Podemos nas noites escuras ser claros, transparentes nos nossos diálogos
Então as noites escuras podem ser claras
Como são estranhos e insondáveis os amores de uma mulher
Nasceram num local, algures em qualquer rua
Ele cedo aprendeu a engraxar sapatos para sobreviver
Rapidamente adaptou-se, aprendeu a arte de roubar
Ela cedo aprendeu a vender o seu corpo para sobreviver
Não perdeu muito tempo. Especializou-se no oferecer, no dar prazer aos homens
Sexo é uma arte!
Mais tarde, ele terminou os seus dias a enfrentar, a encontrar
uma bala certeira policial. Assim se foi , não se acertou, desconhecia que podia ao menos ser feliz
Ela mais tarde foi convidada por uma grande amiga
A SIDA, para uma reunião eterna
Faleceu, perdeu a imunidade da felicidade, convencida de que foi feliz
Os jovens hoje deparam-se com a desdita
Bum! Bum! O som das balas carregado de pólvora
Vivo nos telhados dos casebres dos estados falhados
Não tenho nada, não posso defender a pátria
Zelar o que não me pertence. Quando tenho dificuldade para dormir
escuto os políticos da minha Angola. Recebo o remédio eficaz para a minha insónia da prisão, prisioneira no meu país
As estruturas coloniais foram deixadas, estava tudo feito, e nada foi continuado Apenas: «Destruir tudo o que é do colono»
Não basta ter os cofres abastados, se as mentes não foram educadas para os prover. Esgotam-se e apela-se à divinal providência. Confiar no marasmo:
«Há muito dinheiro! Faremos tudo de novo! É mais um barril de petróleo!»
Não podemos industrializar a nossa agricultura porque somos analfabetos
Temos muitos desempregados. As vistas curtas daltónicas, confundem o tractor com um ser humano
O meu ambiente, a vivência diária é um constante filme de terror
de Stephen King
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