sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O 22 de Janeiro de 1993 existiu mesmo!


Sei (e não serei certamente o único) que, no meu País, as feridas ainda sangram e que as cicatrizes ainda doem devido a tudo (e mais alguma coisa) que precedeu o dia 22 de Fevereiro de 2002 e que terminou nesta mesma data.


Mas tais feridas e tais cicatrizes jamais poderão servir de pretexto para não nos lembrarmos do significado de que se revestem certas datas como a que se assinala hoje, 22 de Janeiro.

Foi a 22 de Janeiro de 1993 que alguém, que se julga o maioral dos angolanos, decidiu, por sua conta e risco, dar ordens para que os angolanos, que se julgam de primeira, saíssem à rua para tirar a vida aos angolanos de segunda. Ou seja, matar todos aqueles que fossem de origem Bakongo, todos aqueles que não soubessem falar português.

Por isso, esquecer o 22 de Janeiro de 1993 é o mesmo que admitir que os angolanos não têm memória colectiva.

E porque felizmente alguns (embora poucos) ainda vão tendo memória e porque entendem que a memória é uma faculdade que cria laços entre o Passado e o Presente, entre todos os angolanos que, afinal, são troncos da mesma arvore (Angola), recuso-me terminantemente a esquecer esta data de triste memória.

Porque não subscrevo a teoria segundo a qual o Sol, em Angola, nasce apenas para alguns, e não para todos, sou forçado a dizer que o 22 de Janeiro de 1993 é uma realidade que não pode ser apagada da nossa História.

Porque é preciso abrir caminhos para que, num futuro próximo, não mais tenhamos no poder angolanos com mentalidades obsoletas e gregárias, sou forçado a dizer que a História sobre o 22 de Janeiro não pode, de maneira nenhuma, ser silenciada.

Porque tenho medo do esquecimento, devo que dizer que o único Bakongo destemido que falava abertamente disso, Mfulumpinga Landu Victor, foi banido do nosso seio.

Foi, apesar de ter sido deputado à Assembleia da Nacional, morto como se de um cão se tratasse.

Porque percebi que a data iria passar despercebida a todos os angolanos, sugiro, por esta via, que a nação Bakongo se reuna e reflicta sobre a data em apreço.
Pessoalmente recuso-me a esquecê-la.
jorgeeurico@noticiaslusofonas.com
22.01.2010

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