quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Patriota


José Ribeiro, Luanda. 10.01.2010 14:52
A França, país de acolhimento dos mandantes do crime que manchou o nosso CAN, foi o primeiro país do mundo a criticar o bárbaro crime de Cabinda contra uma pacífica caravana desportiva, onde estavam algumas estrelas maiores do futebol mundial e que apenas têm em mente mostrar a sua arte no futebol, nos estádios angolanos.


É bom sinal. Isso quer dizer que as autoridades francesas vão entregar os mandantes do crime, todos os dirigentes da organização terrorista FLEC, à Justiça angolana para serem julgados e pagarem pelo crime hediondo que cometeram contra o mundo. Pode ser até que outros países da União Europeia, como Portugal, cortem o tempo de antena aos assassinos que, triunfalmente, assumiram o hediondo crime, nas estações de televisão SIC e RTP. Não estou certo que isso venha a acontecer, até porque esses órgãos de informação sempre foram a voz de todos os criminosos que em Angola mataram e destruíram e foram os responsáveis das maiores desgraças de Angola nas últimas décadas.

José Ribeiro, Luanda. 10.01.2010 14:50
Em mais nenhum sítio do mundo este trágico acontecimento se iria associar a uma das mais saborosas vitórias de um povo, como é a realização do CAN Angola’2010. Queríamos todos mostrar ao mundo como fomos capazes de fazer a paz e reconstruir o país. Queríamos mostrar as escolas, os postos de saúde, os centros de formação profissional onde ontem apenas existiam escombros e ruínas. Queríamos mostrar o regresso do povo às nossas lavras, às nossas aldeias. Queríamos mostrar os campos cultivados, as novas estradas, as pontes, as barragens, as cidades de cara lavada e o povo com sorrisos de esperança. E os quatro estádios do CAN em Cabinda, Luanda, Benguela e Lubango. Logo tinha que vir a morte, a destruição, o sangue, a desgraça. Sabemos quem disparou e quem mandou pôr o dedo no gatilho. Os primeiros responsáveis por este crime hediondo estão em França, onde recebem das autoridades conforto, apoio financeiro e moral, protecção sem limites. Os mandantes deste crime passeiam-se pela União Europeia e por esse mundo fora como heróis de um Ocidente onde todos os valores civilizacionais foram trocados pela ganância desmesurada e pela suprema hipocrisia.

José Ribeiro, Luanda. 10.01.2010 14:49
Os angolanos sabem que todas as suas conquistas foram arrancadas a pulso e que foi preciso sacrificar muitas vidas humanas para guardar a independência e manter intactas a integridade territorial e a soberania nacional. Todas as nossas vitórias, todas as nossas conquistas, assentam em sacrifícios sem nome, em lutas sem quartel, em combates renhidos contra todos os que nos quiseram submeter. Por isso, apesar de olharmos à volta e ainda vermos tanta destruição, tanta miséria, tanto por fazer, temos um orgulho imenso em sermos angolanos, aqui e agora. Há oito anos, começámos a preparar o CAN que hoje arranca no Estádio Nacional 11 de Novembro. O Chefe de Estado vai dar o pontapé de saída e, nesse momento, vamos todos aplaudir, com lágrimas nos olhos e o coração a sangrar. Mais uma vez, um grande feito de Angola e dos angolanos foi manchado com sangue. Desta vez, com o sangue de angolanos mas também de desportistas e dirigentes da selecção do Togo. Crime mais hediondo é impossível.

José Ribeiro, Luanda. 10.01.2010 14:47
Angola e o seu povo sabem de ciência certa que tudo o que até agora foi conquistado foi arrancado a ferro e fogo, com muitas lágrimas, sacrifícios sobre-humanos e muito sangue derramado. Foi assim sempre. Sabem-no os sobreviventes do hediondo massacre da Baixa do Cassange. E os que ousaram pegar em armas no 4 de Fevereiro de 1961. E na grande insurreição de 15 de Março, em todo o Norte de Angola. Nada do que foi conquistado pelos angolanos, ao longo das últimas décadas foi gratuito ou uma dádiva de Deus. Angola só é um país abençoado porque o solo sagrado da pátria foi regado com muitas lágrimas, muito suor e muito sangue dos angolanos. Os que participaram na luta armada de libertação nacional. Os que foram miseravelmente explorados nas roças, nas fábricas, nos armazéns. Os que apodreceram nas prisões. Tudo somado permitiu que vivêssemos esse dia mágico da Independência Nacional. Não, em Angola a independência não foi servida numa bandeja, com o Hino Nacional e a Bandeira. Foi conquistada a ferro e fogo em todos os recantos da pátria.

Imagem: FOLHA 8

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