quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Epopeia das Trevas (108). A grande macacada ensaiava os primeiros paços da liberdade irresponsável


Comentário anónimo recebido «ola marta. cumeça e tirmina o sonho de ter filhos em luanda e em particular em Angola.
isso é imcrivel tive que dormir durante dois dias na porta da escola são josé de clony, junto ao antigo largo do kinaxixi, para cosiguir uma vaga para o meu filho estudar a iniciação, comigo estavam mais de 400 pais para fazer a matricula. meus irmãos o futuro do nosso país esta a morrer como morreu os nossos palancas negras no 11 de Novembro»


Angola não tem futuro, caminha muito rápido para o suicídio colectivo

A oposição também é papão do vil metal. Entre estes e o poder
não têm diferença, só existe a luta do ter
A produção petrolífera aumenta, o álcool também
Conduz as mentes vazias cheias de festas
Na universidade com nova cadeira obrigatória: farras
Onde a oposição dandi vasculha novas palavras para o egocêntrico alvo
Ninguém os ouve, lhes presta atenção
Absortos, dominados pelo barulhento imparável, estertor musical
Sem família, desintegrou-se como uma árvore arrancada pela raiz
Lei e ordem? Só desordem! Hipocrisia teológica: acabar uma guerra começar outra
Maravilhados com a maldade, espirituosos com a ignorância. Comoventes!
Pasmo com tantas obrigações sem soluções. Falta-me a mais importante, ler
Ler? Biliões com cérebros deformados, esfomeados lêem livros? Não!
Sem cérebro e sem dinheiro para comer não é possível ler
Deixam-se de vender biliões de livros. Prejuízos incalculáveis
Um exemplo da anarquia para criar local de estacionamento. Colocam-se algumas pedras na via pública O camarada governante afia a arma pré-histórica de sílex
Imponente, com ares de modernizado, letrado

Quando há prémios nacionais de cultura e arte
As famílias do polvo vencem-nos sem tentáculos
Que graça terrífica: os comunistas copiaram os métodos da governação salazarista
Regressaram ao salazarismo, à cidade capital atabalhoada
e às províncias na Idade Média
Minha Angola não! República ONG sim!
No auge da exploração e escravidão. De povos abandonados ao seu azar

O PRÉDIO

O prédio caiado de branco, higiénico, era dos Brancos
Ocupei, ocupamo-lo de acordo com a liberdade do poder popular
Vida nova nos prédios que conquistámos. Não são mais do colono
Pertencem-nos, tudo agora é nosso. Só meu! Só teu!
Vou gozar muito a minha independência. Viva o socialismo! Viva o poder popular!
Arrombei a porta, escrevi na parede à entrada, OCUPADO MPLA
Os Brancos deixaram coisas bonitas, são minhas, catitas!
Deixaram o que nos roubaram (?)
Colei um biquíni, mini-saia ultracurta, espelhei-me e pirei-me
Vou festejar, passear a minha vaidade

Não acabam os festejos, conforme os meus desejos
O tempo passou, senti que algo… jamais voltou. De repente tudo acabou
Chegou o trunfo, triunfo do analfabetismo
Os prédios, o prédio, alagava na vontade soberana o desejo de autodestruir-se
A água, a luz, o elevador, não foram os brancos que os levaram. Foi a revolução que os afundou, que tudo levou
Condutores eléctricos, interruptores, fusíveis, lâmpadas para consumo revolucionário
Foram-se das escadas para as mãos habituadas, suadas nestas andanças
dos canibais ecléticos, eléctricos
No motor do elevador alojou-se revolucionário morador, contente com a casinha ao dispor
A cagar num papel, amontoando-o no convés da rua

A casinhota de serviço do elevador milimétrica forçada a acolher cinco gloriosos inquilinos inesperados de contentamento pelo casebre. Novos donos intemporais que se confundem com o lixo
Que trespassam, iluminam a paisagem devastada do inumerável residual dos brancos.
Degraus das escadas partidas pelo arrastar das partidárias botijas de gás. Mas apenas pelo prazer de destruir, inicio do autodestruir
No terraço alega-se construir um paço tradicional bantu
Com arquitectura perfeitamente natural. Madeira, tábuas, chapas metálicas
Devaneadas por aí ao deus-dará, ou onde aprovar
As saídas das águas deixam de funcionar, ofuscam-se, e obrigadas decidem outro rumo
Invadem a casa do vizinho de baixo, e no seguinte
O do palácio bantu confrontado, imbecil e canalha, desalmadamente invoca:
«A culpa é da Natureza, não lhe mandei chover»

A grande macacada ensaiava os primeiros paços da liberdade irresponsável

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