segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Os estádios do nosso desenvolvimento (2)


Mesmo assim a governação descuidada, à toa, chama-lhe desenvolvimento económico e social., que faz subir o PIB, mas os mais avisados, mais atentos têm razão quando categoricamente garantem que é um desastre económico e financeiro. Uma recessão angolocal. E os políticos acoitados em comités de especialidades sazonais recomendaram ao mais alto Estádio da Nação a construção massiva de estádios por tudo quanto é Angola.

Porque é o método mais eficaz de combate à fome, concluíram sabiamente. Valha-nos Deus que o nosso Politburo é douto. E também pela bênção do braço secular, tentacular, abraçado da Igreja, como os espiões duplos. Ora trabalha contra o regime, ora o favorece. A história interminável dos estádios torna-se um elementar acto de contrição da fé. Mais uma cruzada do bispado, uma pescaria local porque está muito difícil noutra.

Sobre a recolha das assinaturas para contrariarem a hegemonia do hercúleo Plano C, é importante lembrar que as pessoas têm medo de colocarem os seus nomes à vista. Afinal o terror marxista-leninista continua impecável. Nada mudou, pelo contrário fortificou. Daí… elementar meu caro Watson. Até porque o governo angolano recorda sempre os mártires da repressão colonial, mas da repressão actual não. Portanto, isto não é Angola, é uma carnificina.

Necessitamos de uma profunda análise, de lutadores que não utilizem submarinos para atacarem na calada do dia. Porque na calada da noite já era. Os nossos políticos são como alguns submarinos… mergulham profundamente e jamais retornam à superfície. Ficam bem lá escondidos no fundo do mundo. E quando decidem respirar, voltar ao ar livre, muitas armas e algemas os esperam. A viver assim é com certeza um futuro muito violento que renasce.

E os países do controlo reforçado nos EUA que o digam: Por enquanto são catorze. Cada vez se aprofunda mais o fosso entre o mundo e o submundo. Que maravilhoso seria viver neste mundo sem a presença de seres humanos. A bestialidade final espera-nos. Mais uma vez o aproveitamento oportunista das religiões arrasta-nos para mais um conflito inevitável. Entre a ganância de uns e a espoliação de milhões, que bom seria viver sem religiões. E tudo o que existe de errado está na civilização Ocidental que lhe dá origem.

Por isso temos que construir a nossa informação do futuro. Por uma informação ao serviço do Povo, lutemos e implantemos a nossa gloriosa revolução marxista-leninista. Transformemos a novel classe operária da informação, como o exemplo a seguir dos lutadores incansáveis que sem salários dão o seu melhor. A nossa revolução prosseguirá inabalável com tais abnegados exemplos. Vivam os camaradas trabalhadores da gloriosa Rádio Nacional de Angola sem vencimentos! Viva a novel informação revolucionária! O marxismo-leninismo triunfará!

Depois do desabamento da torrencial chuva que afogou a péssima reconstrução dos habituais bairros da desolação de Luanda, o séquito Presidencial inaugurou o estádio de futebol 11 de Novembro que custou 226 milhões de dólares. O séquito do estádio, apesar de estar próximo, não visitou as populações sinistradas do caudal meteorológico. E nos passeios das ruas os formigueiros chineses espoliando a mão-de-obra angolana reparam-nos.

Os angolanos são tão incompetentes, tão inúteis que nem passeios sabem reparar. Governar estádios é preciso, a população ingovernável não. Que estranho é este poder de governar estádios. Governar quatro estádios de futebol é demasiado fácil, governar um país é muito complicado. E a nossa vida vai melhorar… construir-se-ão mais cemitérios.

Imagem: FOLHA 8

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