A vossa vida é como o vento; vem e esvai-se. É a sepultura donde nunca conseguem sair. As casas dos novos-ricos estão sempre cheias de guardas; as vossas estão bem guardadas pela fome. Nem cama têm para se consolarem; apenas um parco lençol, alguns plásticos, um cobertor e um balde para água; dormem infelizes no chão. Mesmo assim o Chefe Eterno não vos deixa, espanta-vos com pesadelos e visões da fome. Para quê tanto sofrimento; se a morte é melhor.
Viver um nadinha é confortável. Não há um único momento em que não me incomodem; sentem enorme prazer inexplicável. Só o Chefe Eterno o sabe. Transgridem constantemente. Escolhem as madrugadas para nos perseguirem; vivem o terror nos restos das casas dos colonos.
O faminto está ensacado e injustifica o Chefe Eterno
Porque só o Chefe Eterno é Todo-Poderoso? Os filhos do Chefe Eterno estão sempre a transgredir; acusam os filhos dos famintos e torturam-nos até se cansarem. E não adianta pedir misericórdia ao Todo-Poderoso Chefe Eterno. A injustiça do Chefe Eterno é permanente; injustifica, impossibilita viver.
Não temos princípio, pelo que nunca teremos fim. Acreditámos no ontem, e lixámo-nos hoje; só restam sombras desse naufrágio. Falam sempre que nos precisam ensinar; já renderam o coração. Está tudo tão seco; enfeitiçaram a verdura. Assim são as veredas de quem acredita no Chefe Eterno; mas os hipócritas nunca perecem. Tiram-nos tudo; e não podemos perguntar, que fazem? O Chefe Eterno revogará a sua ira; e protegerá os maldosos. Nem nos juízes podemos confiar; a quem pediremos misericórdia? Mesmo que nos respondam, nunca ouvirão a nossa voz, porque são surdos.
E enviam-nos tempestades à força do camartelo para os nossos casebres. Nem nos permitem respirar; até o ar é deles. As forças militares protegem-nos; por enquanto ainda são os mais fortes. Não nos podemos justificar, porque seremos condenados. São perfeitos em tudo; devido a isso somos imperfeitos. Protegem os ímpios e consomem os rectos. As terras são para eles; os juízes cobrem os rostos; se não foram eles que roubaram, quem foi então? Andam sempre em grandes velocidades; porém tudo marcha para trás Os juízes deixam as nossas queixas nas prisões do esquecimento; constantemente mudam de rosto.
Estamos cheios de dores, porque sabemos que nunca declarados inocentes seremos. Porque não há ninguém que nos livre do Chefe Eterno? As mãos do Chefe Eterno não descansam, consomem-nos bruscamente. Até das nossas peles fizeram candeeiros muito elegantes, bonitos. A vida de escravos envergonha-nos de levantar as cabeças. Se nos exaltamos chamam-nos selvagens e antipatriotas; depois acalmam-nos com a promessa de que a nova vida vem aí. Porque esqueceram as nossas mães e os nossos pais? Os nossos dias minguam; deixem-nos tomar um pouco de alento. Queremos fugir para outro reino; só que está difícil, ou impossível lá entrar. Já não há luz nesta terra da morte; as trevas do Chefe Eterno eternizam-se.
O faminto mostra a sua sabedoria e pede ao Chdefe Eterno que se arrependa
Não dão resposta às nossas desgraças? Só o Chefe Eterno tem direitos? Obrigam-nos a calar as vossas mentiras? Com a vossa zombaria sempre presente? A doutrina política do Chefe Eterno é pura e limpa. A sabedoria do Chefe Eterno aprofunda-se mais que o inferno.
O Chefe Eterno defende-se dos famintos
Eu sou o povo e quando me for levarei a sabedoria. O meu coração não sente, o vosso é-me indiferente. Inventores de conspirações; diplomados, falsos doutores. A vossa sabedoria? É ficarem calados; São maldosos e invejosos; querem o nosso dinheiro. Querem acabar com a realeza e implantar a república da democracia. Apartem-se! Porque só eu tenho o direito de falar, de reinar, de governar.
O Chefe Eterno exalta o MPLA, SARL
Defenderei tudo o que estiver errado; disto depende a minha salvação.
Eu sei que sou justo; por isso defendo as minhas causas. Alguém tem coragem para me desafiar? Tirem as vossas mãos, que daqui não levam nada. Porque passam o tempo a escrever coisas ruins contra mim? Apesar de estar tudo podre, alguma coisa se aproveita.
O Chefe Eterno exige ao MPLA, SARL mais miséria para a população
O que nasce viverá poucos dias; ficará seco como os campos desertos, porque não há nada para neles semear. Vivem na imundície e querem ser puros? Os vossos dias estão contados. Deitam-se e levantam-se com o lixo; mesmo assim conseguem dormir. Espiritualmente estão mortos; a cabeça está vazia de noite e de dia. Perderam a esperança de serem homens; desgastam-se nas neolíticas pedreiras.
O Chefe Eterno mostra a sua impiedade
Terão ciências de vento; e andarão à procura de pão e não o encontrarão; com os aumentos nunca vistos do preço do petróleo, podemos e queremos o poder. Desde que tenhamos bem-estar, os outros que se safem. Aproveitem as ruínas dos vossos miseráveis casebres para habitarem; esta é a vossa consolação. A riqueza sempre foi para uns poucos; a distribuição dos rendimentos também.
O maior orgulho e prazer do MPLA, SARL é ver-nos, fazer-nos imensamente infelizes. O MPLA, SARL veio dum reino longínquo, o reino da tristeza e da desolação.
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