sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Voltaire. Ele descobriu que o Imperador Constantino, que levou o cristianismo ao poder, assassinou sua esposa, Fausta, e seu filho mais velho, Crispus



A maturidade do homem

Voltaire começou a pensar, a duvidar, a questionar. Ele estudou a história da igreja, das crenças. Ele descobriu que a religião de sua época se apoiava na inspiração das escrituras – a infalibilidade da igreja – os sonhos de eremitas insanos -- os absurdos dos Pais da igreja – os erros e falsidades dos santos – a histeria das freiras – a astúcia dos padres e a estupidez dos povos.

http://www.mphp.org/racionalismo/voltaire---robert-g.-ingersoll.html

Ele descobriu que o Imperador Constantino, que levou o cristianismo ao poder, assassinou sua esposa, Fausta, e seu filho mais velho, Crispus no mesmo ano em que ele convocou o concílio de Nice, para decidir se Cristo era um homem ou o filho de Deus. O concílio decidiu no ano de 325 que Cristo havia sido consubstanciado com o Pai. Ele descobriu que a igreja estava ligada a um marido que assassinou sua esposa, um pai que matou o filho por ter colocado em dúvida a questão embaraçosa da divindade do Salvador. Ele descobriu que Teodósio convocou um concílio em Constantinopla em 381 no qual foi decidido que o Espírito Santo provinha do Pai. Que Teodósio, o jovem, convocou um concílio em Éfeso, em 431, que declarou que a Virgem Maria havia sido a mãe de Deus. Que o imperador Marciano convocou outro concílio em Calcedon, em 451, que decidiu que Cristo tem dois arbítrios – e que em 1274 o concílio em Lion decidiu que o Espírito Santo provinha simultaneamente do Pai e do Filho.

Portanto, passaram-se 1300 anos para que se estabelecessem umas poucas questões que haviam sido reveladas por um Deus infinito à sua igreja infalível.

Voltaire percebeu que essa crença insana havia enchido o mundo de crueldade e medo. Percebeu que paramentos eram mais sagrados do que virtudes – que imagens e cruzes – que fragmentos de ossos e pedaços de madeira eram mais preciosos do que os direitos e vidas de homens, e que os guardadores dessas relíquias eram inimigos da raça humana.

Com toda a energia de sua natureza, com toda a capacidade de sua mente, ele atacou esta "Besta Triunfante".

Voltaire era o apostolo do bom senso. Ela sabia que poderia não ter existido uma língua primitiva da qual as demais derivaram. Ele sabia que cada língua era influenciada pelo ambiente. Ele sabia que a língua do gelo e neve não era a língua das palmeiras e flores. Ele sabia também que não havia milagre algum na língua. Ele sabia que era impossível que a história da torre de Babel tivesse acontecido. Ele sabia que tudo o que existe no mundo é natural. Ele era inimigo da alquimia, tanto na língua como na ciência. Uma frase sua é suficiente para mostrar sua filosofia a este respeito: "Para transformar ferro em ouro, duas coisas são necessárias: primeiro, a aniquilação do ferro, e segundo, a criação do ouro".

Voltaire nos deu a filosofia da história.

Voltaire era um homem de bom humor, de boa índole e alegre. Ele desprezava com todo o coração a filosofia de Calvino, a crença da sombra, do rigor, do sobrenatural. Ele tinha dó daqueles que necessitavam da religião para ser honestos e para ser felizes. Ele tinha a coragem de aproveitar o presente para prever o que o futuro traria.

E, no entanto, por mais de cento e cinqüenta anos o cristianismo tem combatido esse homem e sujado sua memória. Em todo púlpito seu nome tem sido pronunciado com escárnio, e todo púlpito tem sido um arsenal de ofensas. Ele é um homem do qual nenhum clérigo tem dito a verdade. Ele tem sido combatido igualmente por católicos e protestantes.

Padres, pastores e bispos e missionários, deões e papas têm enchido o mundo com ofensas e calúnias contra Voltaire. Acho curioso que os pastores não digam a verdade sobre o inimigo da igreja. Na verdade, por mais de mil anos quase todo púlpito era uma fábrica onde eram cunhadas as difamações.

Voltaire usou sua mente para combater as superstições de sua época.

Ele lutou com toda arma e todo argumento que de que ele dispôs. Ele era o maior de todos os caricaturistas e usava toda o seu divino veneno sem piedade. Em pura e cristalina ironia ele não teve similar. A arte da ironia foi levada por ele quase à categoria de ciência. Ele conhecia e praticava qualquer subterfúgio. Ele combateu o exército da hipocrisia e pretensão, o exército da fé e da falsidade.

Voltaire foi incomodado pelos mais baixos e insignificantes espíritos de sua época, pelos covardes e bajuladores, por aqueles que desejavam ganhar os favores dos padres, pelos apadrinhados dos nobres. Algumas vezes ele se deixou ser incomodados por esses miseráveis; algumas vezes ele os atacava; mas por esses ataques ele poderia ser perdoado há muito tempo. No âmbar de seu gênio, Voltaire preservou esses insetos, essas tarântulas, esses escorpiões.

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