quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Epopeia das Trevas (93). É brincar com o fogo, queimar-se, abandonar o povo, demitindo-o das eleições


Vendem-se armas a prestações a qualquer estado falhado
O fornecimento do armamento garante o exercício
do poder ao exército
Os fabricantes incentivam a violência
para o fabrico de mais armas
É por isso que as guerras modernas
se fazem, se prestam a prestações
As fábricas da morte encorajam-se
Há sempre alguém que diz: as armas são necessárias
para o desenvolvimento económico e social
do nosso povo

E as populações correm para o seu destino
da morte
A fugir dela e da corrupção dos ditadores
Eles e ela estão sempre presentes
Estamos perante eles, quer queiramos quer não
Sem dúvida que isto é uma dádiva demoníaca
que facilmente se verifica nos espaços dos cemitérios
Porque não fazemos de todos esses funerais
o despertar da nossa luta contra a fome!?
Os rostos das multidões dos mortos não são iguais

Sempre a dependência, não a independência, surge
quando a leitura não mora nos hábitos de um povo
Depois qualquer importação serve
E que por vezes a desunião faz a força
A demagogia constante é a inconstância da verdade
Não necessito do Ramadão para jejuar
A fome é a minha religião, nada tenho para adorar
Não posso evacuar a minha tristeza, disso tenho a certeza
Falar da Sida é como o alastrar da guerra
no Iraque, noutro e noutros
como um comboio sem paragens
sem estações
Quantos mais morrerem, menos interesse despertam

Quando o horror é trivial, habituamo-nos ao seu efeito mortal
É o quotidiano. Quando a monotonia das situações se repetem
como nos campos de concentração nazis
Na companhia dos espectros da morte, o inimaginável acontece
Ficamos cúmplices dos algozes. Nas amarras dos malditos
que ainda fazem dos seres humanos, o regresso aos campos
Dos membros esquartejados, acompanhados de uma sinfonia filosófica
que orienta o final cadavérico da espécie humana

A diferença que existe entre um cavalo e um homem é a seguinte:
O cavalo tem quatro patas, o homem tem duas mãos e dois pés
O homem tem cérebro, mas muitas cavalgaduras não

Mal governar é morrer rapidamente, é um suicídio
não necessário, mas está sempre presente
É brincar com o fogo, queimar-se, abandonar o povo,
demitindo-o das eleições
Ainda resta algo
A serenidade perdida jamais é restituída

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