domingo, 31 de janeiro de 2010

A Epopeia das Trevas (113). Ser rico é fácil. Difícil é ser honesto


Os grandes inventos que aconteceram, descobriram, melhoraram a humanidade. Inicialmente parece que sim. Depois os sugadores de dinheiro aumentaram os lucros. Negociar é fácil, difícil é inovar
Ser rico é fácil. Difícil é ser honesto

As contas, a informação, a polícia, a política, a corrupção, a fome, a perseguição política.
É secreta! É secreta!
A hipocrisia é como o vento. Quando fraco adormece, muito forte avassala-nos
Antes e após uma revolução submetem-nos muitas promessas, às pressas
Que seremos independentes, ocultos… imprudentes
Que as esferográficas serão quadradas
E os aventureiros rejubilam, para sempre permanecem na espoliação

Tiroteio, vozes agitadas, camufladas. Batem no portão, com a mão.
Abro. Que será então? São eles! A maldição!
Um convicto revolucionário diz: «é ela!»
Eu, o quê!?
«Sonhei contigo. No sonho estás envolvida na tentativa de assassínio do nosso presidente»
Sonhaste mal!
«És acusada de crimes contra a segurança do estado»
Às quatro da manhã?!
«Não existe tempo. Comprámo-lo, pertence-nos»
Privatizaram-no!
«A secreta não tem momentos, não tem horas, tem tempos»
Tu que me acusas. Olha-me bem. Sou antiga combatente. Guardei as costas do presidente. Não te lembras de mim? Trabalhámos juntos. Votaram-me ao abandono. Até agora, nem um mísero tostão.
«Assim será!»
Tantos alcoólicos, corruptos, ditadores e quem isso fomenta, e não são julgados, condenados por crimes contra a segurança do estado.
«Se deixassem de beber e abandonassem a corrupção seriam suspeitos… subversivos. Como os galos, se não cantassem, a madrugada anunciassem»
Pobres galinhas!
«Tens razão. Recordo-me muito bem de ti. Desculpa, não és tu. Vou sonhar com outro conspirador»

ESTA EPOPEIA ÍNVIA

Nascemos, porque a isso somos obrigados
A tragédia humana necessita de actores
Sem nos darmos conta, o teatro humano absorve muitos figurantes
Uns representam bem, outros tentam, não conseguem
No fim resta-lhes o bater palmas. A vida é uma representação sem teatro
Quem nela não conseguir representar o seu papel de actor
Será esquecido. Apenas lembrado de vez em quando numa qualquer cova de terra
Sobrarão os ossos para encenações rituais
De seitas, cultos religiosos que nos esperam
Nos espreitam nas nossas portas, nas janelas das nossas mentes
Os nossos restos mortais não acabam, alimentam o tráfico
Da sobrevivência da feitiçaria que resta dos milenares
Cultos escondidos, disfarçados. A luta actual é final
Os cultos que o Cristianismo pensava extintos, regressam em força
Retrocedemos na história, viajamos no tempo
Ao reencontro das nossas origens. Os espíritos dos nossos antepassados regressam
Estão de volta. Nenhuma religião pode aniquilar outra
Dois milénios de história são insuficientes para isso
Este inferno em que vivemos tenta acabar com o renascer do Caminho
Uma seita religiosa tentou acabar com as outras, não conseguiu.

Estranhamente lembro-me dos celulares, esses dispositivos da tecnologia avançada do primitivismo, do menir, da anta, do altar que necessita sempre de sacrifícios. Para carregarem as baterias dia e noite. Da civilização da pilha e da bateria de pedra.

Imagem: FOLHA 8

Sem comentários: