A mítica linha suspenderá as suas actividades.
Expresso do Oriente: fim da sua história
A companhia explica-o pelo impacto de voos baratos e a alta velocidade.
O ramal que une Veneza e Istambul seguirá no activo, a 5670 € por passagem.
Actualizado domingo 27/12/2009 21:45
Francisco Martinez ELMUNDO.ES
Istambul.- A crise também afecta os mitos. O que foi durante 127 anos o trem mais conhecido e luxuoso da terra fez a sua última viagem, deixando no desemprego a um dos detectives mais conhecidos da história, Hércules Poirot.
O Orient Express unia Paris e Istambul através dos Balcãs, e inspirou múltiplas obras literárias como o 'Drácula' de Bram Stoker ou 'Desde Rússia con amor', de Ian Fleming, em que James Bond viajava com a atractiva Tatiana Romanova.
Em 1882 George Nagelmackers, Director da Compagnie Internationale des Wagons-Lits, convidou os primeiros passageiros do Expresso do Oriente para que fossem no seu trem de Paris a Viena. A rota foi expandindo-se e em 1989 já chegava até Istambul. A maioria dos grandes hotéis da velha Constantinopla é dessa época, como o Büyuk Londres ou o Pera Palace, construídos em 1892.
Foi neste último onde Agatha Christie escreveu a obra que acabou por imortalizar o trem: ’Assasinato no Expresso do Oriente'. Uma intriga bizarra e glamorosa que o detective Hércules Poirot resolveu in extremis. O Pera Palace guarda a suite onde se alojou a escritora britânica como museu.
Os amantes dos quilómetros todavia têm una última oportunidade com o transiberiano de Miguel Strogoff e o doutor Zhivago, mas a morte do Expresso do Oriente representa o final de uma época que ficou obsoleta pelos avanços tecnológicos.
Símbolo da ideia de progresso
O Expresso do Oriente merece um obituário como símbolo da ideia de progresso e representante da cultura europeia em Paris, Munique, Viena, Budapeste, Calais, Milão, Veneza, Trieste, Zagrebe, Belgrado, Sofia e Istambul.
O ramal que une Veneza e Istambul seguirá no activo, reservado como serviço de luxo e com um custo de 5670 euros por pessoa. A proprietária da linha Paris-Viena, Euro Night Rail Services reconheceu que "os voos baratos e os trens de alta velocidade forçaram-nos a retirar a linha".
Na estação Sirkeci de Istambul expõem-se objectos do primeiro Expresso do Oriente, como trajes, cartazes ou sinos. O menu base do vagão-restaurante compunha-se de ostras, rodovalho em salsa verde e pudim de chocolate. Eram outros tempos. Agora até a Rainha Sofía voa em 'low-cost'.
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